É natural que pais, estudantes e sociedade em geral queiram saber quais são as escolas em que muitos alunos estão conseguindo boas pontuações no Enem. Afinal, o exame ganhou grande relevância ao assumir o papel de processo seletivo para universidades federais e ao se tornar um meio para a obtenção de bolsas de estudo em universidades particulares. No entanto, alguns números podem não ilustrar de forma fiel a qualidade da escola ou o quanto ela vai influenciar no ingresso do aluno no ensino superior.
Avaliar escolas do ensino médio é um grande desafio. Primeiro porque, além do background familiar dos alunos, conta também o que eles aprenderam nas escolas em que estudaram anteriormente. Além disso, o formato do Enem não é próprio para avaliar escolas e sistemas por diversas razões. Por exemplo: o exame não é obrigatório, o que faz com que o percentual de alunos que faz a prova seja diferente em cada localidade; e também a motivação para fazer a prova varia dependendo de onde estudam.
Então, como ler os números? Primeiro, é importante procurar informações sobre o perfil dos estudantes atendidos. Se a escola seleciona alunos, isso pode estar auxiliando no resultado. Se ela recebe alunos com resultados ruins no ensino fundamental, isso pode ter influenciado negativamente no resultado divulgado. Procurar entender o motivo pelo qual os alunos de determinada escola fizeram o exame também é importante.
O essencial é ter em mente que ranquear as escolas com base em suas médias traz o risco de análises erradas. Os resultados divulgados talvez possam auxiliar em um filtro inicial de escolas mas, para uma avaliação mais qualificada, é necessária a coleta de muitas outras informações, tanto quantitativas como qualitativas. E, infelizmente, temos poucas informações disponíveis, de modo acessível, para auxiliar na avaliação de escolas do ensino médio, algo em que o próprio Inep e os pesquisadores precisam investir.
* Artigo publicado no jornal O Globo em 26 de novembro de 2012.